5.30.2006

Melhores práticas

Na sua busca incessante de aplicar em Portugal as melhores práticas utilizadas pelo mundo fora, o governo vai começar a vender medicamentos à dose.
Ou seja, vão aproveitar o modelo de negócio utilizado pelo mercado dos químicos alternativos há décadas com grande sucesso.
Resta agora saber se vão ser adoptadas também as técnicas comerciais, de distribuição e marketing características deste mercado.

5.25.2006

Satanás

Quando se junta uma ingénua, um pintor com visões premonitórias, um padre tentado pela carne a tentar exorcizar uma lolita possuída (que faz a Linda Blair parecer uma debutante em dia de baile) e um spree killer veterano do Vietname em Bogotá, tem que dar merda. E deu. Um dos melhores que me têm passado pelos olhos nos últimos anos.

Setenta e três por cento - realmente assim tem outro impacto

Como só hoje vi a interessante discussão do Alto Seixo a propósito do estado do jornalismo em Portugal e concluí que devo ser muito céptico ou muito cínico.

Vejo estes problemas como consequências naturais do modo como as coisas funcionam, nada mais do que isso. Deixo aqui algumas notas:

Produzir mais com menos

O agenciamento da maioria da informação pode ser inserido na tendência crescente no meio empresarial de utilizar o outsourcing para a execução de algumas das funcões, economicamente esta estratégia resulta uma vez que se conseguem colocar os jornais na rua com 1/4 dos jornalistas que seriam necessários sem a utilização deste recurso.

Eles não têm culpa

Como a maioria de nós os jornalistas são trabalhadores por conta de outrem, tem a casa e o carro para pagar, e como qualquer um de nós sabem que trabalhar contra o patrão não contribui em nada para uma carreira de sucesso, há mesmo quem diga que pode ser prejudicial. Tal como os outros, mas com a desvantagem de trabalhar numa área com alguma exposição e para a qual ainda por cima arranjaram códigos deontológicos e de ética, que também só contribuem para os manter em constante tensão (que também não ajuda nada em termos do trabalho realizado).

A amizade é um valor a preservar

Tal como as outras pessoas os administradores e accionistas dos orgão de comunicação social também têm amigos e sabem que a amizade é um dos mais importantes valores da nossa existência, por isso faz todo o sentido que tentem agradar, ajudem sempre que podem, enfim o tipo de coisas que se fazem por amizade.

Interesse público vs. Interesses do público

Com qualquer profissional o jornalista também quer ver o ser trabalho apreciado, faz-nos sentir realizados, aumenta a auto-estima e dá-nos vontade para nos levantarmos todos os dias para ir trabalhar, daí que não faça qualquer sentido ter trabalho com assuntos complexos que embora possam parecer de interesse público na realidade não interessam ao público.
E este é um problema estrutural do nosso pequeno paraíso, decorre de continuarmos a ser um país "intelectualmente deprimido", com tendência para piorar, situação à qual os meios de comunicação também têm que se adaptar.

Num dos próximos dias a segunda parte:

Ou então são simplesmente meios de propaganda e controlo social.

5.19.2006

Correndo o risco de transformar isto num JL...

(...)
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.

Hoje que até tive tempo de dar uma vista de olhos pelos jornais (pelo menos as edições electrónicas) e reparei que ninguém se lembrou que faz hoje anos o Mário de Sá-Carneiro.

Fica aqui a minha humilde homenagem.


Já agora um fat diver:

Para quem costuma utilizar a Enciclopédia Universal Multimédia On-Line, no verbete dedicado ao Sá-Carneiro lê-se:

"Sá-Carneiro suicidou-se, com vários frascos de estricnina, a 26 de Abril de 1916, num Hotel de Nice, suicídio esse descrito por José Araújo, que Mário Sá-Carneiro chamara para testemunhar a sua morte."

Quase que acertaram, o hotel não é em Nice, chama-se Nice e é em Paris (é só trocarem o num por no e a coisa fica perfeita).

O que é nacional é bom

A estratégia do governo para aumentar as exportações portuguesas começa a dar os primeiros frutos, segundo o JN de hoje: Armas de pequeno calibre modificadas em Portugal estão a ser "exportadas" para a prática de crimes no estrangeiro.
Esta iniciativa revela que afinal, ao contrário do que nos fazem crer, em Portugal existe mão de obra qualificada e a preços competitivos. Além de provar que temos entre nós empresários dispostos a investir e a assumir riscos sem necessitar de apoios do estado ou benefícios fiscais.
Além das evidentes vantagens económicas (redução do défice com importante contributo para o equilíbrio da balança comercial e criação de emprego) esta actividade tem também um importante contributo social, desviando a prática de crimes para o estrangeiro e tornando o nosso país um lugar mais seguro.
Só me preocupa que, a exemplo de outros casos, também esta industria venha a ser alvo de deslocalização.

5.16.2006

Faz 50 anos

I saw the best minds of my generation destroyed by
madness, starving hysterical naked,
dragging themselves through the negro streets at dawn
looking for an angry fix(...)




Já foi há 50 anos que o Lawrence Ferlinghetti, editou um livrinho chamado "Howl and Other Poems", que entretanto foi apreendido por ser obsceno, e deu origem a um julgamento à americana e a mais uma discussão sobre a primeira emenda.

E ainda bem que assim foi porque abriu a porta para que no ano seguinte o Kerouac conseguisse publicar o "On the Road" e dois anos depois o Burroughs publicasse o "Naked Lunch", entre outra rapaziada que vai continuando a ser muito lá de casa.

Parabéns.

PS: Estes versos têm um je ne sais quoi muito Alto Seixo.

5.15.2006

O apelo da natureza ou, se fores ao campo leva a navalhinha

Sábado passado metemo-nos na furgoneta e fomos de excursão ao Alentejo.

O contacto com a natureza e os elevados níveis de oxigénio, estimularam-nos o instinto e trouxeram à superficie as nossas capacidades inactas para, fazer lume no quintal, criar ferramentas com os materiais que estão mais à mão, apanhar sol com uma cerveja na mão, entre outras.

O resto do dia foi alegremente passado entre minis, médias e carne grelhada, com uns digestivos à mistura (só para desmoer).

O ar do campo origina também a recuperação de antigas tradições masculinas, que nos permitiu ir passando do fogareiro para a mesa do almoço daí para a mesa do café e desta directamente para a mesa do jantar e daqui de novo para a mesa do café.

O regresso, já noite dentro e na boa tradição excursionista, foi marcado por uma brilhante actuação dos "back-seat boys" cantando êxitos dos Irmãos Catita.

O caquicorre

Foi com grande alegria que ontem à noite, descobri que foi editado um DVD ao vivo do Tony de Matos no Coliseu.
E foi o bastante para puxar ao "sintimento" dar por mim a trautear:

Anda, abraça-me... beija-me
Encosta o teu peito ao meu
Esquece que vais na rua
Vem ser minha e eu serei teu
Que falem não nos interessa
O mundo não nos importa
O nosso mundo começa
Cá dentro da nossa porta