11.24.2006

"...El arte sólo sirve para algo si es irreverente, atormentado, lleno de pesadillas y desespero. Sólo un arte irritado, indecente, violento, grosero, puede mostrarnos la otra cara del mundo, la que nunca vemos o nunca queremos ver para evitarle molestias a nuestra conciencia.(...) Nada de paz y tranquilidad. Quien logra el reposo en equilibrio está demasiado cerca de Dios para ser artista..."

Pedro Juan Gutierrez, Anclado en tierra de nadie


Citado aqui

Perseguição e conspiração - Coitadinhos

Quer dizer, os crentes - cristãos, católicos, judeus, islâmicos - deverão ser impedidos de procurar, pela via da luta eleitoral democrática e da opinião pública de informar e orientar a sociedade das suas ideias e valores.
Mas ser um ateu confesso, ou um agnóstico militante, um laico fundamentalista, já não colide com os bons princípios da relação do religioso e do político?
Uma coisa é a neutralidade do Estado - enquanto tal -, outra é a tomada de posição na sociedade e na vida política.
Na medida em que para o crente, aqui para o cristão, a cidade de Deus deve passar sempre à frente da cidade terrena, influenciá-la e elevá-la, os cristãos não só têm a faculdade, mas têm o dever de procurar influenciá-la em nome dos valores cristãos, históricos e civilizacionais.
E têm também o dever de, com justiça e caridade, combater tudo aquilo que reforça a agenda anticristã - o aborto livre, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o uso do Estado e dos poderes públicos para desenvolver e promover uma agenda "anticristã".
Isto, sem tocar no princípio da liberdade religiosa, que garante o direito a não ter crenças religiosas sem ser por isso penalizado, mas que também garante não ser discriminado por tê-las.

Maria José Nogueira Pinto, DN 24.11.2006


Se olharmos para o panorama geral do mundo em que vivemos podemos verificar que as coisas não serão realmente como pensam, ou querem pensar, os bem intencionados crentes, não são ateus confessos, ou agnósticos militantes ou laicos fundamentalistas os responsáveis pelo mundo em que vivemos, antes pelo contrário, são justamente os crentes a raiz do problema.

Ando desconfiado que os problemas do médio oriente são capazes de ter alguma coisa que ver com religião, e se a memória não me falha nenhum do principais intervenientes nesta história no últimos 50 anos pode sequer se confundido com algo que se assemelhe com ateus, agnósticos ou laicos, mas é só desconfiado, muito provavelmente será na realidade um gigantesca manobra de manipulação de obscuras e tenebrosas redes de fundamentalistas ateus.

Se virarmos uma nota de dólar ao contrário podemos ler "In God We Trust" (que em tradução livre significa mais ou menos deus aqui não entra), sinal claro de um estado laico, e a situação que descreve reflecte com perfeição o ambiente de perseguição que vivem os crentes (qualquer que seja a religião) face aos vilipendiosos ataques dos ateus.

Outro caso que me deixa perplexo é o do fundamentalismo islâmico, porque é enganador. Embora olhando pelo nome pudéssemos ser levados a crer que existe alguma motivação religiosa, a verdade é que não, a palavra islâmico está lá só para enganar.

E há outros casos, a Índia, por exemplo, em que os ateus, após a independência, forçaram a divisão do país porque não queriam ver muçulmanos e hindus juntos; os Balcãs, em que uma conspiração laica tem semeado a discórdia entre as comunidades das várias crenças.

Basta pensar um bocadinho, não é preciso muito, e olhando para a história, ver que são os crentes que se perseguem uns aos outros, porque o deus de uns é melhor que o dos outros. Sempre assim foi...e enquanto não se descobrir o que é que provoca isto assim vai continuar.

Já agora algumas dúvidas em relação à tal agenda anticristã.
1. Qual agenda?
2. O que é que um católico tem que ver com o casamento de dois homossexuais protestantes, ou o que seja?
3. Onde é que é isso do aborto livre? É livre ou obrigatório?

11.23.2006

Hit the road Jack...


É estranho que no meio de tanto Road Movie (Easy Rider, Mad Max (I e II só)Thelma e Louise, Bonnie e Clyde, só para indicar preferências), ninguém se tenha lembrado de adaptar o melhor "Road Book". E daí talvez não seja, passar para um guião o ritmo e a narração delirante de On the road não deve ser pera doce.
Mas parece que vai acontecer lá para 2009 e pela mão da equipa dos Diários de Motocicleta (olha outro road movie), Walter Salles e José Rivera.
Só lhes posso desejar boa sorte.

Para quem ainda não leu, recomendo vivamente, sobretudo de comboio e em cámone.
Para definir o livro de forma sucinta diria que é como as Viagens na Minha Terra, mas em rápido.
Dias da tanga e lembranças de um fim de tarde

A construção da história

Tranquilizava José de Jesus a convicção de que a história se escrevia dessa forma: com omissões, mentiras, evidências montadas a posteriori, com protagonismos fabricados e manipulados, e o seu empenho em corrigir a história do seu próprio pai não lhe provocava qualquer inquietação. Os donos do poder faziam-no constantemente e a verdade histórica era a puta mais condescendente e mais mal paga de quantas existiram...
O Romance da Minha Vida, Leonardo Padura

Fez-me lembrar a história das edições "críticas" de Eça de Queirós editadas pelo filho, com cortes e acrescentos para manter as obras de acordo com a ideia que os outros deviam ter do pai.

11.21.2006

Hoje passei o dia de volta disto:
Kronos Quartet - Caravan
Com duas versões do Carlos Paredes - Verdes Anos e Responso N.º 1 - e uma faixa com os Taraf de Haïdouks tal como nos habituaram.

11.17.2006

Capelões e Recalcados

Recalcamento

s. m.,
acto ou efeito de recalcar;

termo empregado por Freud, e muito utilizado em Psicologia, que significa o mecanismo de defesa pelo qual as ideias, as lembranças ou os sentimentos penosos são repelidos da consciência, podendo permanecer activos num plano inconsciente e originar comportamentos desadaptados;
censura.


Eu até sei que não vale a pena argumentar com teístas sobre qualquer questão que de alguma forma esteja relacionado com os seus sistemas de crenças ou os aparelhos que os suportam. A categoria de não-crente aparentemente invalida qualquer argumento que se utilize e no fim vêem os adjectivos.
Hoje por acaso dei com este post a propósito de capelões. Começo por dizer que concordo plenamente que toda a gente tenha acesso à assistência religiosa/espiritual que desejar, qualquer que seja a religião, onde que que seja e às horas que quiser.
O que não posso aceitar é que seja o Estado, que eu ajudo a sustentar, a pagar padres. A haver algum Estado a pagar que seja o Vaticano.
A comparação entre pessoal médico e religioso deixa-me impressionado e sem argumentos. Sem dúvida que o autor num momento em que tenha de escolher entre um médico ou um padre não terá dúvidas.
A questão do "sacerdote incutir bons princípios num criminoso" não é de todo politicamente incorrecta, é quase uma verdade histórica - Praticamente todos os grandes criminosos da história partilharam esses princípios e a igreja teve sempre o cuidado de se manter do lado do poder/razão, mesmo que os princípios tivessem que ser adaptados à situação.
Para finalizar parece que os capelões que estamos a pagar são 198, e se pudesse ser eu gostava de trocar a parte que me toca por uma resma de papel. Mas isto sou eu que sou recalcado e vivo em 1910.

11.09.2006

Pobrezinhos mas honrados... e na graça de deus

Alguém me explica isto.

As instituições religiosas, do Estado e de utilidade pública que se encontrem a funcionar em edifícios classificados como de interesse público ou municipal vão continuar isentas do pagamento do imposto municipal sobre imóveis (IMI), confirmou o DN junto do Ministério das Finanças. Apesar de o fim da isenção estar prevista no Orçamento do Estado de 2007, o pagamento dos impostos sobre o património irá incidir, principalmente, sobre os particulares que sejam donos de edifícios classificados.

Como é que um país em dificuldade financeiras, em que qualquer um de nós cada vez que se mexe já está a pagar, se dá ao luxo de isentar de IMI a entidade que deve ser, a seguir ao estado, quem possui a maior carteira imobiliária do país.

Na minha ignorância vejo várias hipóteses:
1. Não precisamos do dinheiro (possibilidade que diariamente é desmentida pelos nossos governantes e respectivos opositores);
2. A igreja católica é um dos motores da nossa economia e nessa qualidade justificam-se os benefícios fiscais (esta também não pega, não me parece que sejam grandes empregadores e também não vejo de que forma possam aumentar as nossas exportações);
3. O estado até pode ser laico, mas há quem não seja...

O que concluo é que realmente os lobbies funcionam (opus deis e quejandos), e que há coisas em que pelos vistos não se pode mexer mesmo que seja à custa de onerar a saúde, a educação, etc... e não deve ser só medo do juízo final...

11.06.2006

Oh, Bolas!

Fat divers know that they are a greater risk to decompression because fatty tissue absorbs nitrogen gas in higher densities while releasing it more reluctantly, just as smokers know that their lungs could rupture more easily during ascent. But what is insufficiently known is that belly fat take space that would otherwise have been used for breathing. A wetsuit furthermore exerts pressure on the chest, and these two factors make that fat people run out of breath very quickly. They can seem fit and strong in non-aerobic exercise (such as lifting) but fail badly when air is needed in aerobic exercise such as swimming back to the boat in a current. You can't be fat as a good underwater photographer!

A força do exemplo ou, o mano e o manista

O primeiro-ministro José Sócrates afirmou ontem, em Montevideu, que os EUA são um "exemplo" no respeito pelos direitos humanos e na defesa de uma visão humanista, sublinhando que estes valores estão no "coração" do povo norte-americano e na Constituição do seu país, noticiou a agência Lusa.

É bonito quando um primeiro-ministro demonstra que é ainda mais ignorante e alienado do que quem o elegeu. Hoje deve haver muito boa gente com a auto-estima em cima. Em nome deles, um bem haja e muito obrigado.

De qualquer forma se um dia quiser saber do que está a falar, recomendo a referência existente para os direitos humanos.

11.03.2006

Podes...

...Podes sair da frente que me estás a tapar o Sol...

Depois de Alexandre, o Grande, feliz por conhecer Diógenes, lhe ter perguntado se havia alguma coisa que pudesse fazer por ele.

O mesmo tipo que, apanhado a esgalhar o pessegueiro no meio da rua respondeu:
Tenho pena é de não me conseguir alimentar esfregando a barriga...