10.26.2006

Este país também dava um filme

Na edição online do JN de ontem estão dois artigos sobre o caso do Ivan e do Simion (este e este).
Aparentemente não são uns tipos particularmente simpáticos e segundo a advogada deles estão na "solitária" à uma quantidade de tempo.

Parece-me a mim que a resposta a estas acusações deveria ser dada pela instituição que é responsável pela sua estadia no nosso sistema prisional, supostamente a DGSP (Direcção Geral dos Serviços Prisionais). Parece que não.
Afinal quem vem responder às acusações da advogada dos dois reclusos é o sindicato da guarda, o que me deixou logo de pé atrás... Uma organização corporativa que vem defender a corporação antes que esta seja acusada. Hum...
E que diz que os reclusos neste regime até têm direito a "pequeno-almoço, almoço, jantar e reforço" (calculo que o reforço seja o leitinho à noite quando lhes vão aconchegar os cobertores).

Já que fiquei na dúvida fui ler o segundo artigo e no fim deste o presidente da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (aceito que não seja a voz mais imparcial) é citado com uma frase que de tão simples parece verdadeira:
"Sabem que não vão ser julgados e que têm de aguentar até que lá chegue alguém que lhes diga que já podem ir embora".

Ou seja, dentro da prisão mandam os que lá estão...

Ora esta coisa fez-me recordar alguns filmes, nomeadamente um muito do agrado do público feminino lá de casa. Não digo que o Ivan e o Simion sejam o Tim Robbins e o Morgan Freeman, mas ao contrário desta a história do Stephen King estava bem contada.

10.20.2006

Perplexo fico eu

O Conselho Permanente Conferência Episcopal Portuguesa emitiu uma Nota Pastoral sobre o referendo ao aborto, aconselhando os fieis a votar contra a despenalização.

Até aqui tudo bem.

Mas, no meio da retórica de ética universalista dou com esta pérola:

Nós, Bispos Católicos, sentimos perplexidade acerca desta situação. Antes de mais porque acreditamos, como o fez a Igreja desde os primeiros séculos, que a vida humana, com toda a sua dignidade, existe desde o primeiro momento da concepção. Porque consideramos a vida humana um valor absoluto, a defender e a promover em todas as circunstâncias...

Podem argumentar com o quiserem, mas com o número de mortos (directos e indirectos) que têm no curriculo, há que ter pudor.

10.07.2006

Castelos portugueses deviam ser postos à venda

Segundo o presidente da Associação Portuguesa de Castelos: "Os castelos portugueses se fossem postos à venda teriam dezenas de compradores, incluindo estrangeiros, o que podia ajudar a manter este património".
E realmente, se pensarmos um pouco, ainda temos mais coisas para vender. Podemos começar pelos castelos, uma vez despachados estes passamos aos museus (estes com a vantagem de se puder vender o recheio à peça, que rende mais), ainda sobram os palácios (São Bento, Belém...).
Se se vir que a coisa resulta podemos nacionalizar as igrejas com algum interesse e vende-las logo a seguir.
Quando o património construido estiver despachado os problemas com o défice devem estar resolvidos e com alguma sorte já estamos a dar lucro.
No fim, só para ter algum para uma ou outra extravagância vendemos as praias. Sempre são oitocentos quilómetros, são famosas internacionalmente e são quase todas de frente para o mar, de certeza que também aparecem dezenas de compradores...

10.02.2006

Qualquer dia acabam com os rojões

No último dia 19 o Figaro publicou um artigo de opinião de um professor de filosofia chamado Robert Redeker que se chamava "Face aux intimidations islamistes, que doit faire le monde libre ?".

Está-se mesmo a ver que houve quem não gostasse, de maneira que desde dia 20 e depois de ter recebido a ameaça de morte da ordem que o homem está (com protecção policial) sem sair de casa.

Mais engraçado no meio disto tudo é a reacção do Figaro que no dia 28 publica um artigo com o belo título "Le Figaro" et la liberté d?expression em que defende a liberdade de expressão a um nível quase conceptual sem nunca referir o nome do homem e simultaneamente fazem desaparecer o artigo da versão online (deve ter sido para reforçar a ideia da liberdade de expressão).

Embora não subscreva as opiniões do senhor (é um bocado primário e linear, já para não dizer que é uma besta, mas se não dá para mais, paciência, não há nada a fazer), elas acabam por ser o que menos interessa. Interessa sim, que possa dizer o que pensa ser ser ameaçado.

E afinal é só ficção, porque o monde libre parece que nem sequer existe.

Por uma questão de princípio aqui fica o corpo de delito.

Face aux intimidations islamistes, que doit faire le monde libre ?, par Robert Redeker
Par Robert Redeker (Philosophe. Professeur au lycée Pierre-Paul-Riquet à Saint-Orens de Gammeville. Va publier Dépression et philosophie (éditions Pleins Feux)..

Les réactions suscitées par l'analyse de Benoît XVI sur l'islam et la violence s'inscrivent dans la tentative menée par cet islam d'étouffer ce que l'Occident a de plus précieux qui n'existe dans aucun pays musulman : la liberté de penser et de s'exprimer.

L'islam essaie d'imposer à l'Europe ses règles : ouverture des piscines à certaines heures exclusivement aux femmes, interdiction de caricaturer cette religion, exigence d'un traitement diététique particulier des enfants musulmans dans les cantines, combat pour le port du voile à l'école, accusation d'islamophobie contre les esprits libres.

Comment expliquer l'interdiction du string à Paris-Plages, cet été ? Étrange fut l'argument avancé : risque de «troubles à l'ordre public». Cela signifiait-il que des bandes de jeunes frustrés risquaient de devenir violents à l'affichage de la beauté ? Ou bien craignait-on des manifestations islamistes, via des brigades de la vertu, aux abords de Paris-Plages ?

Pourtant, la non-interdiction du port du voile dans la rue est, du fait de la réprobation que ce soutien à l'oppression contre les femmes suscite, plus propre à «troubler l'ordre public» que le string. Il n'est pas déplacé de penser que cette interdiction traduit une islamisation des esprits en France, une soumission plus ou moins consciente aux diktats de l'islam. Ou, à tout le moins, qu'elle résulte de l'insidieuse pression musulmane sur les esprits. Islamisation des esprits : ceux-là même qui s'élevaient contre l'inauguration d'un Parvis Jean-Paul-II à Paris ne s'opposent pas à la construction de mosquées. L'islam tente d'obliger l'Europe à se plier à sa vision de l'homme.

Comme jadis avec le communisme, l'Occident se retrouve sous surveillance idéologique. L'islam se présente, à l'image du défunt communisme, comme une alternative au monde occidental. À l'instar du communisme d'autrefois, l'islam, pour conquérir les esprits, joue sur une corde sensible. Il se targue d'une légitimité qui trouble la conscience occidentale, attentive à autrui : être la voix des pauvres de la planète. Hier, la voix des pauvres prétendait venir de Moscou, aujourd'hui elle viendrait de La Mecque ! Aujourd'hui à nouveau, des intellectuels incarnent cet oeil du Coran, comme ils incarnaient l'oeil de Moscou hier. Ils excommunient pour islamophobie, comme hier pour anticommunisme.

Dans l'ouverture à autrui, propre à l'Occident, se manifeste une sécularisation du christianisme, dont le fond se résume ainsi : l'autre doit toujours passer avant moi. L'Occidental, héritier du christianisme, est l'être qui met son âme à découvert. Il prend le risque de passer pour faible. À l'identique de feu le communisme, l'islam tient la générosité, l'ouverture d'esprit, la tolérance, la douceur, la liberté de la femme et des moeurs, les valeurs démocratiques, pour des marques de décadence.

Ce sont des faiblesses qu'il veut exploiter au moyen «d'idiots utiles», les bonnes consciences imbues de bons sentiments, afin d'imposer l'ordre coranique au monde occidental lui-même.

Le Coran est un livre d'inouïe violence. Maxime Rodinson énonce, dans l'Encyclopédia Universalis, quelques vérités aussi importantes que taboues en France. D'une part, «Muhammad révéla à Médine des qualités insoupçonnées de dirigeant politique et de chef militaire (...) Il recourut à la guerre privée, institution courante en Arabie (...) Muhammad envoya bientôt des petits groupes de ses partisans attaquer les caravanes mekkoises, punissant ainsi ses incrédules compatriotes et du même coup acquérant un riche butin».

D'autre part, «Muhammad profita de ce succès pour éliminer de Médine, en la faisant massacrer, la dernière tribu juive qui y restait, les Qurayza, qu'il accusait d'un comportement suspect». Enfin, «après la mort de Khadidja, il épousa une veuve, bonne ménagère, Sawda, et aussi la petite Aisha, qui avait à peine une dizaine d'années. Ses penchants érotiques, longtemps contenus, devaient lui faire contracter concurremment une dizaine de mariages».

Exaltation de la violence : chef de guerre impitoyable, pillard, massacreur de juifs et polygame, tel se révèle Mahomet à travers le Coran.

De fait, l'Église catholique n'est pas exempte de reproches. Son histoire est jonchée de pages noires, sur lesquelles elle a fait repentance. L'Inquisition, la chasse aux sorcières, l'exécution des philosophes Bruno et Vanini, ces mal-pensants épicuriens, celle, en plein XVIIIe siècle, du chevalier de La Barre pour impiété, ne plaident pas en sa faveur. Mais ce qui différencie le christianisme de l'islam apparaît : il est toujours possible de retourner les valeurs évangéliques, la douce personne de Jésus contre les dérives de l'Église.

Aucune des fautes de l'Église ne plonge ses racines dans l'Évangile. Jésus est non-violent. Le retour à Jésus est un recours contre les excès de l'institution ecclésiale. Le recours à Mahomet, au contraire, renforce la haine et la violence. Jésus est un maître d'amour, Mahomet un maître de haine.

La lapidation de Satan, chaque année à La Mecque, n'est pas qu'un phénomène superstitieux. Elle ne met pas seulement en scène une foule hystérisée flirtant avec la barbarie. Sa portée est anthropologique. Voilà en effet un rite, auquel chaque musulman est invité à se soumettre, inscrivant la violence comme un devoir sacré au coeur du croyant.

Cette lapidation, s'accompagnant annuellement de la mort par piétinement de quelques fidèles, parfois de plusieurs centaines, est un rituel qui couve la violence archaïque.

Au lieu d'éliminer cette violence archaïque, à l'imitation du judaïsme et du christianisme, en la neutralisant (le judaïsme commence par le refus du sacrifice humain, c'est-à-dire l'entrée dans la civilisation, le christianisme transforme le sacrifice en eucharistie), l'islam lui confectionne un nid, où elle croîtra au chaud. Quand le judaïsme et le christianisme sont des religions dont les rites conjurent la violence, la délégitiment, l'islam est une religion qui, dans son texte sacré même, autant que dans certains de ses rites banals, exalte violence et haine.

Haine et violence habitent le livre dans lequel tout musulman est éduqué, le Coran. Comme aux temps de la guerre froide, violence et intimidation sont les voies utilisées par une idéologie à vocation hégémonique, l'islam, pour poser sa chape de plomb sur le monde. Benoît XVI en souffre la cruelle expérience. Comme en ces temps-là, il faut appeler l'Occident «le monde libre» par rapport à au monde musulman, et comme en ces temps-là les adversaires de ce «monde libre», fonctionnaires zélés de l'oeil du Coran, pullulent en son sein.