11.24.2006

"...El arte sólo sirve para algo si es irreverente, atormentado, lleno de pesadillas y desespero. Sólo un arte irritado, indecente, violento, grosero, puede mostrarnos la otra cara del mundo, la que nunca vemos o nunca queremos ver para evitarle molestias a nuestra conciencia.(...) Nada de paz y tranquilidad. Quien logra el reposo en equilibrio está demasiado cerca de Dios para ser artista..."

Pedro Juan Gutierrez, Anclado en tierra de nadie


Citado aqui

Perseguição e conspiração - Coitadinhos

Quer dizer, os crentes - cristãos, católicos, judeus, islâmicos - deverão ser impedidos de procurar, pela via da luta eleitoral democrática e da opinião pública de informar e orientar a sociedade das suas ideias e valores.
Mas ser um ateu confesso, ou um agnóstico militante, um laico fundamentalista, já não colide com os bons princípios da relação do religioso e do político?
Uma coisa é a neutralidade do Estado - enquanto tal -, outra é a tomada de posição na sociedade e na vida política.
Na medida em que para o crente, aqui para o cristão, a cidade de Deus deve passar sempre à frente da cidade terrena, influenciá-la e elevá-la, os cristãos não só têm a faculdade, mas têm o dever de procurar influenciá-la em nome dos valores cristãos, históricos e civilizacionais.
E têm também o dever de, com justiça e caridade, combater tudo aquilo que reforça a agenda anticristã - o aborto livre, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o uso do Estado e dos poderes públicos para desenvolver e promover uma agenda "anticristã".
Isto, sem tocar no princípio da liberdade religiosa, que garante o direito a não ter crenças religiosas sem ser por isso penalizado, mas que também garante não ser discriminado por tê-las.

Maria José Nogueira Pinto, DN 24.11.2006


Se olharmos para o panorama geral do mundo em que vivemos podemos verificar que as coisas não serão realmente como pensam, ou querem pensar, os bem intencionados crentes, não são ateus confessos, ou agnósticos militantes ou laicos fundamentalistas os responsáveis pelo mundo em que vivemos, antes pelo contrário, são justamente os crentes a raiz do problema.

Ando desconfiado que os problemas do médio oriente são capazes de ter alguma coisa que ver com religião, e se a memória não me falha nenhum do principais intervenientes nesta história no últimos 50 anos pode sequer se confundido com algo que se assemelhe com ateus, agnósticos ou laicos, mas é só desconfiado, muito provavelmente será na realidade um gigantesca manobra de manipulação de obscuras e tenebrosas redes de fundamentalistas ateus.

Se virarmos uma nota de dólar ao contrário podemos ler "In God We Trust" (que em tradução livre significa mais ou menos deus aqui não entra), sinal claro de um estado laico, e a situação que descreve reflecte com perfeição o ambiente de perseguição que vivem os crentes (qualquer que seja a religião) face aos vilipendiosos ataques dos ateus.

Outro caso que me deixa perplexo é o do fundamentalismo islâmico, porque é enganador. Embora olhando pelo nome pudéssemos ser levados a crer que existe alguma motivação religiosa, a verdade é que não, a palavra islâmico está lá só para enganar.

E há outros casos, a Índia, por exemplo, em que os ateus, após a independência, forçaram a divisão do país porque não queriam ver muçulmanos e hindus juntos; os Balcãs, em que uma conspiração laica tem semeado a discórdia entre as comunidades das várias crenças.

Basta pensar um bocadinho, não é preciso muito, e olhando para a história, ver que são os crentes que se perseguem uns aos outros, porque o deus de uns é melhor que o dos outros. Sempre assim foi...e enquanto não se descobrir o que é que provoca isto assim vai continuar.

Já agora algumas dúvidas em relação à tal agenda anticristã.
1. Qual agenda?
2. O que é que um católico tem que ver com o casamento de dois homossexuais protestantes, ou o que seja?
3. Onde é que é isso do aborto livre? É livre ou obrigatório?

11.23.2006

Hit the road Jack...


É estranho que no meio de tanto Road Movie (Easy Rider, Mad Max (I e II só)Thelma e Louise, Bonnie e Clyde, só para indicar preferências), ninguém se tenha lembrado de adaptar o melhor "Road Book". E daí talvez não seja, passar para um guião o ritmo e a narração delirante de On the road não deve ser pera doce.
Mas parece que vai acontecer lá para 2009 e pela mão da equipa dos Diários de Motocicleta (olha outro road movie), Walter Salles e José Rivera.
Só lhes posso desejar boa sorte.

Para quem ainda não leu, recomendo vivamente, sobretudo de comboio e em cámone.
Para definir o livro de forma sucinta diria que é como as Viagens na Minha Terra, mas em rápido.
Dias da tanga e lembranças de um fim de tarde

A construção da história

Tranquilizava José de Jesus a convicção de que a história se escrevia dessa forma: com omissões, mentiras, evidências montadas a posteriori, com protagonismos fabricados e manipulados, e o seu empenho em corrigir a história do seu próprio pai não lhe provocava qualquer inquietação. Os donos do poder faziam-no constantemente e a verdade histórica era a puta mais condescendente e mais mal paga de quantas existiram...
O Romance da Minha Vida, Leonardo Padura

Fez-me lembrar a história das edições "críticas" de Eça de Queirós editadas pelo filho, com cortes e acrescentos para manter as obras de acordo com a ideia que os outros deviam ter do pai.

11.21.2006

Hoje passei o dia de volta disto:
Kronos Quartet - Caravan
Com duas versões do Carlos Paredes - Verdes Anos e Responso N.º 1 - e uma faixa com os Taraf de Haïdouks tal como nos habituaram.

11.17.2006

Capelões e Recalcados

Recalcamento

s. m.,
acto ou efeito de recalcar;

termo empregado por Freud, e muito utilizado em Psicologia, que significa o mecanismo de defesa pelo qual as ideias, as lembranças ou os sentimentos penosos são repelidos da consciência, podendo permanecer activos num plano inconsciente e originar comportamentos desadaptados;
censura.


Eu até sei que não vale a pena argumentar com teístas sobre qualquer questão que de alguma forma esteja relacionado com os seus sistemas de crenças ou os aparelhos que os suportam. A categoria de não-crente aparentemente invalida qualquer argumento que se utilize e no fim vêem os adjectivos.
Hoje por acaso dei com este post a propósito de capelões. Começo por dizer que concordo plenamente que toda a gente tenha acesso à assistência religiosa/espiritual que desejar, qualquer que seja a religião, onde que que seja e às horas que quiser.
O que não posso aceitar é que seja o Estado, que eu ajudo a sustentar, a pagar padres. A haver algum Estado a pagar que seja o Vaticano.
A comparação entre pessoal médico e religioso deixa-me impressionado e sem argumentos. Sem dúvida que o autor num momento em que tenha de escolher entre um médico ou um padre não terá dúvidas.
A questão do "sacerdote incutir bons princípios num criminoso" não é de todo politicamente incorrecta, é quase uma verdade histórica - Praticamente todos os grandes criminosos da história partilharam esses princípios e a igreja teve sempre o cuidado de se manter do lado do poder/razão, mesmo que os princípios tivessem que ser adaptados à situação.
Para finalizar parece que os capelões que estamos a pagar são 198, e se pudesse ser eu gostava de trocar a parte que me toca por uma resma de papel. Mas isto sou eu que sou recalcado e vivo em 1910.

11.09.2006

Pobrezinhos mas honrados... e na graça de deus

Alguém me explica isto.

As instituições religiosas, do Estado e de utilidade pública que se encontrem a funcionar em edifícios classificados como de interesse público ou municipal vão continuar isentas do pagamento do imposto municipal sobre imóveis (IMI), confirmou o DN junto do Ministério das Finanças. Apesar de o fim da isenção estar prevista no Orçamento do Estado de 2007, o pagamento dos impostos sobre o património irá incidir, principalmente, sobre os particulares que sejam donos de edifícios classificados.

Como é que um país em dificuldade financeiras, em que qualquer um de nós cada vez que se mexe já está a pagar, se dá ao luxo de isentar de IMI a entidade que deve ser, a seguir ao estado, quem possui a maior carteira imobiliária do país.

Na minha ignorância vejo várias hipóteses:
1. Não precisamos do dinheiro (possibilidade que diariamente é desmentida pelos nossos governantes e respectivos opositores);
2. A igreja católica é um dos motores da nossa economia e nessa qualidade justificam-se os benefícios fiscais (esta também não pega, não me parece que sejam grandes empregadores e também não vejo de que forma possam aumentar as nossas exportações);
3. O estado até pode ser laico, mas há quem não seja...

O que concluo é que realmente os lobbies funcionam (opus deis e quejandos), e que há coisas em que pelos vistos não se pode mexer mesmo que seja à custa de onerar a saúde, a educação, etc... e não deve ser só medo do juízo final...

11.06.2006

Oh, Bolas!

Fat divers know that they are a greater risk to decompression because fatty tissue absorbs nitrogen gas in higher densities while releasing it more reluctantly, just as smokers know that their lungs could rupture more easily during ascent. But what is insufficiently known is that belly fat take space that would otherwise have been used for breathing. A wetsuit furthermore exerts pressure on the chest, and these two factors make that fat people run out of breath very quickly. They can seem fit and strong in non-aerobic exercise (such as lifting) but fail badly when air is needed in aerobic exercise such as swimming back to the boat in a current. You can't be fat as a good underwater photographer!

A força do exemplo ou, o mano e o manista

O primeiro-ministro José Sócrates afirmou ontem, em Montevideu, que os EUA são um "exemplo" no respeito pelos direitos humanos e na defesa de uma visão humanista, sublinhando que estes valores estão no "coração" do povo norte-americano e na Constituição do seu país, noticiou a agência Lusa.

É bonito quando um primeiro-ministro demonstra que é ainda mais ignorante e alienado do que quem o elegeu. Hoje deve haver muito boa gente com a auto-estima em cima. Em nome deles, um bem haja e muito obrigado.

De qualquer forma se um dia quiser saber do que está a falar, recomendo a referência existente para os direitos humanos.

11.03.2006

Podes...

...Podes sair da frente que me estás a tapar o Sol...

Depois de Alexandre, o Grande, feliz por conhecer Diógenes, lhe ter perguntado se havia alguma coisa que pudesse fazer por ele.

O mesmo tipo que, apanhado a esgalhar o pessegueiro no meio da rua respondeu:
Tenho pena é de não me conseguir alimentar esfregando a barriga...

10.26.2006

Este país também dava um filme

Na edição online do JN de ontem estão dois artigos sobre o caso do Ivan e do Simion (este e este).
Aparentemente não são uns tipos particularmente simpáticos e segundo a advogada deles estão na "solitária" à uma quantidade de tempo.

Parece-me a mim que a resposta a estas acusações deveria ser dada pela instituição que é responsável pela sua estadia no nosso sistema prisional, supostamente a DGSP (Direcção Geral dos Serviços Prisionais). Parece que não.
Afinal quem vem responder às acusações da advogada dos dois reclusos é o sindicato da guarda, o que me deixou logo de pé atrás... Uma organização corporativa que vem defender a corporação antes que esta seja acusada. Hum...
E que diz que os reclusos neste regime até têm direito a "pequeno-almoço, almoço, jantar e reforço" (calculo que o reforço seja o leitinho à noite quando lhes vão aconchegar os cobertores).

Já que fiquei na dúvida fui ler o segundo artigo e no fim deste o presidente da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (aceito que não seja a voz mais imparcial) é citado com uma frase que de tão simples parece verdadeira:
"Sabem que não vão ser julgados e que têm de aguentar até que lá chegue alguém que lhes diga que já podem ir embora".

Ou seja, dentro da prisão mandam os que lá estão...

Ora esta coisa fez-me recordar alguns filmes, nomeadamente um muito do agrado do público feminino lá de casa. Não digo que o Ivan e o Simion sejam o Tim Robbins e o Morgan Freeman, mas ao contrário desta a história do Stephen King estava bem contada.

10.20.2006

Perplexo fico eu

O Conselho Permanente Conferência Episcopal Portuguesa emitiu uma Nota Pastoral sobre o referendo ao aborto, aconselhando os fieis a votar contra a despenalização.

Até aqui tudo bem.

Mas, no meio da retórica de ética universalista dou com esta pérola:

Nós, Bispos Católicos, sentimos perplexidade acerca desta situação. Antes de mais porque acreditamos, como o fez a Igreja desde os primeiros séculos, que a vida humana, com toda a sua dignidade, existe desde o primeiro momento da concepção. Porque consideramos a vida humana um valor absoluto, a defender e a promover em todas as circunstâncias...

Podem argumentar com o quiserem, mas com o número de mortos (directos e indirectos) que têm no curriculo, há que ter pudor.

10.07.2006

Castelos portugueses deviam ser postos à venda

Segundo o presidente da Associação Portuguesa de Castelos: "Os castelos portugueses se fossem postos à venda teriam dezenas de compradores, incluindo estrangeiros, o que podia ajudar a manter este património".
E realmente, se pensarmos um pouco, ainda temos mais coisas para vender. Podemos começar pelos castelos, uma vez despachados estes passamos aos museus (estes com a vantagem de se puder vender o recheio à peça, que rende mais), ainda sobram os palácios (São Bento, Belém...).
Se se vir que a coisa resulta podemos nacionalizar as igrejas com algum interesse e vende-las logo a seguir.
Quando o património construido estiver despachado os problemas com o défice devem estar resolvidos e com alguma sorte já estamos a dar lucro.
No fim, só para ter algum para uma ou outra extravagância vendemos as praias. Sempre são oitocentos quilómetros, são famosas internacionalmente e são quase todas de frente para o mar, de certeza que também aparecem dezenas de compradores...

10.02.2006

Qualquer dia acabam com os rojões

No último dia 19 o Figaro publicou um artigo de opinião de um professor de filosofia chamado Robert Redeker que se chamava "Face aux intimidations islamistes, que doit faire le monde libre ?".

Está-se mesmo a ver que houve quem não gostasse, de maneira que desde dia 20 e depois de ter recebido a ameaça de morte da ordem que o homem está (com protecção policial) sem sair de casa.

Mais engraçado no meio disto tudo é a reacção do Figaro que no dia 28 publica um artigo com o belo título "Le Figaro" et la liberté d?expression em que defende a liberdade de expressão a um nível quase conceptual sem nunca referir o nome do homem e simultaneamente fazem desaparecer o artigo da versão online (deve ter sido para reforçar a ideia da liberdade de expressão).

Embora não subscreva as opiniões do senhor (é um bocado primário e linear, já para não dizer que é uma besta, mas se não dá para mais, paciência, não há nada a fazer), elas acabam por ser o que menos interessa. Interessa sim, que possa dizer o que pensa ser ser ameaçado.

E afinal é só ficção, porque o monde libre parece que nem sequer existe.

Por uma questão de princípio aqui fica o corpo de delito.

Face aux intimidations islamistes, que doit faire le monde libre ?, par Robert Redeker
Par Robert Redeker (Philosophe. Professeur au lycée Pierre-Paul-Riquet à Saint-Orens de Gammeville. Va publier Dépression et philosophie (éditions Pleins Feux)..

Les réactions suscitées par l'analyse de Benoît XVI sur l'islam et la violence s'inscrivent dans la tentative menée par cet islam d'étouffer ce que l'Occident a de plus précieux qui n'existe dans aucun pays musulman : la liberté de penser et de s'exprimer.

L'islam essaie d'imposer à l'Europe ses règles : ouverture des piscines à certaines heures exclusivement aux femmes, interdiction de caricaturer cette religion, exigence d'un traitement diététique particulier des enfants musulmans dans les cantines, combat pour le port du voile à l'école, accusation d'islamophobie contre les esprits libres.

Comment expliquer l'interdiction du string à Paris-Plages, cet été ? Étrange fut l'argument avancé : risque de «troubles à l'ordre public». Cela signifiait-il que des bandes de jeunes frustrés risquaient de devenir violents à l'affichage de la beauté ? Ou bien craignait-on des manifestations islamistes, via des brigades de la vertu, aux abords de Paris-Plages ?

Pourtant, la non-interdiction du port du voile dans la rue est, du fait de la réprobation que ce soutien à l'oppression contre les femmes suscite, plus propre à «troubler l'ordre public» que le string. Il n'est pas déplacé de penser que cette interdiction traduit une islamisation des esprits en France, une soumission plus ou moins consciente aux diktats de l'islam. Ou, à tout le moins, qu'elle résulte de l'insidieuse pression musulmane sur les esprits. Islamisation des esprits : ceux-là même qui s'élevaient contre l'inauguration d'un Parvis Jean-Paul-II à Paris ne s'opposent pas à la construction de mosquées. L'islam tente d'obliger l'Europe à se plier à sa vision de l'homme.

Comme jadis avec le communisme, l'Occident se retrouve sous surveillance idéologique. L'islam se présente, à l'image du défunt communisme, comme une alternative au monde occidental. À l'instar du communisme d'autrefois, l'islam, pour conquérir les esprits, joue sur une corde sensible. Il se targue d'une légitimité qui trouble la conscience occidentale, attentive à autrui : être la voix des pauvres de la planète. Hier, la voix des pauvres prétendait venir de Moscou, aujourd'hui elle viendrait de La Mecque ! Aujourd'hui à nouveau, des intellectuels incarnent cet oeil du Coran, comme ils incarnaient l'oeil de Moscou hier. Ils excommunient pour islamophobie, comme hier pour anticommunisme.

Dans l'ouverture à autrui, propre à l'Occident, se manifeste une sécularisation du christianisme, dont le fond se résume ainsi : l'autre doit toujours passer avant moi. L'Occidental, héritier du christianisme, est l'être qui met son âme à découvert. Il prend le risque de passer pour faible. À l'identique de feu le communisme, l'islam tient la générosité, l'ouverture d'esprit, la tolérance, la douceur, la liberté de la femme et des moeurs, les valeurs démocratiques, pour des marques de décadence.

Ce sont des faiblesses qu'il veut exploiter au moyen «d'idiots utiles», les bonnes consciences imbues de bons sentiments, afin d'imposer l'ordre coranique au monde occidental lui-même.

Le Coran est un livre d'inouïe violence. Maxime Rodinson énonce, dans l'Encyclopédia Universalis, quelques vérités aussi importantes que taboues en France. D'une part, «Muhammad révéla à Médine des qualités insoupçonnées de dirigeant politique et de chef militaire (...) Il recourut à la guerre privée, institution courante en Arabie (...) Muhammad envoya bientôt des petits groupes de ses partisans attaquer les caravanes mekkoises, punissant ainsi ses incrédules compatriotes et du même coup acquérant un riche butin».

D'autre part, «Muhammad profita de ce succès pour éliminer de Médine, en la faisant massacrer, la dernière tribu juive qui y restait, les Qurayza, qu'il accusait d'un comportement suspect». Enfin, «après la mort de Khadidja, il épousa une veuve, bonne ménagère, Sawda, et aussi la petite Aisha, qui avait à peine une dizaine d'années. Ses penchants érotiques, longtemps contenus, devaient lui faire contracter concurremment une dizaine de mariages».

Exaltation de la violence : chef de guerre impitoyable, pillard, massacreur de juifs et polygame, tel se révèle Mahomet à travers le Coran.

De fait, l'Église catholique n'est pas exempte de reproches. Son histoire est jonchée de pages noires, sur lesquelles elle a fait repentance. L'Inquisition, la chasse aux sorcières, l'exécution des philosophes Bruno et Vanini, ces mal-pensants épicuriens, celle, en plein XVIIIe siècle, du chevalier de La Barre pour impiété, ne plaident pas en sa faveur. Mais ce qui différencie le christianisme de l'islam apparaît : il est toujours possible de retourner les valeurs évangéliques, la douce personne de Jésus contre les dérives de l'Église.

Aucune des fautes de l'Église ne plonge ses racines dans l'Évangile. Jésus est non-violent. Le retour à Jésus est un recours contre les excès de l'institution ecclésiale. Le recours à Mahomet, au contraire, renforce la haine et la violence. Jésus est un maître d'amour, Mahomet un maître de haine.

La lapidation de Satan, chaque année à La Mecque, n'est pas qu'un phénomène superstitieux. Elle ne met pas seulement en scène une foule hystérisée flirtant avec la barbarie. Sa portée est anthropologique. Voilà en effet un rite, auquel chaque musulman est invité à se soumettre, inscrivant la violence comme un devoir sacré au coeur du croyant.

Cette lapidation, s'accompagnant annuellement de la mort par piétinement de quelques fidèles, parfois de plusieurs centaines, est un rituel qui couve la violence archaïque.

Au lieu d'éliminer cette violence archaïque, à l'imitation du judaïsme et du christianisme, en la neutralisant (le judaïsme commence par le refus du sacrifice humain, c'est-à-dire l'entrée dans la civilisation, le christianisme transforme le sacrifice en eucharistie), l'islam lui confectionne un nid, où elle croîtra au chaud. Quand le judaïsme et le christianisme sont des religions dont les rites conjurent la violence, la délégitiment, l'islam est une religion qui, dans son texte sacré même, autant que dans certains de ses rites banals, exalte violence et haine.

Haine et violence habitent le livre dans lequel tout musulman est éduqué, le Coran. Comme aux temps de la guerre froide, violence et intimidation sont les voies utilisées par une idéologie à vocation hégémonique, l'islam, pour poser sa chape de plomb sur le monde. Benoît XVI en souffre la cruelle expérience. Comme en ces temps-là, il faut appeler l'Occident «le monde libre» par rapport à au monde musulman, et comme en ces temps-là les adversaires de ce «monde libre», fonctionnaires zélés de l'oeil du Coran, pullulent en son sein.

6.14.2006

Somos os primeiros

Segundo um estudo:

Europe's southern fringe is still the home of machismo, with Portuguese men being the least likely to do any housework, according to a study released yesterday.
At the top of the household layabouts' ranking, 61% of Portuguese men, 57% of Greek men and 47% of Spanish men told researchers they rarely, or never, used an iron or wielded a dustpan and brush.


E somos também os maiores mentirosos:

The study also found a huge discrepancy between the number of men who thought they should be sharing housework equally and the number who actually did so, across all the countries.

More than three-quarters of Spanish and Portuguese men, for example, thought they ought to be doing half the housework, but at least a quarter of those men admitted doing nothing.

5.30.2006

Melhores práticas

Na sua busca incessante de aplicar em Portugal as melhores práticas utilizadas pelo mundo fora, o governo vai começar a vender medicamentos à dose.
Ou seja, vão aproveitar o modelo de negócio utilizado pelo mercado dos químicos alternativos há décadas com grande sucesso.
Resta agora saber se vão ser adoptadas também as técnicas comerciais, de distribuição e marketing características deste mercado.

5.25.2006

Satanás

Quando se junta uma ingénua, um pintor com visões premonitórias, um padre tentado pela carne a tentar exorcizar uma lolita possuída (que faz a Linda Blair parecer uma debutante em dia de baile) e um spree killer veterano do Vietname em Bogotá, tem que dar merda. E deu. Um dos melhores que me têm passado pelos olhos nos últimos anos.

Setenta e três por cento - realmente assim tem outro impacto

Como só hoje vi a interessante discussão do Alto Seixo a propósito do estado do jornalismo em Portugal e concluí que devo ser muito céptico ou muito cínico.

Vejo estes problemas como consequências naturais do modo como as coisas funcionam, nada mais do que isso. Deixo aqui algumas notas:

Produzir mais com menos

O agenciamento da maioria da informação pode ser inserido na tendência crescente no meio empresarial de utilizar o outsourcing para a execução de algumas das funcões, economicamente esta estratégia resulta uma vez que se conseguem colocar os jornais na rua com 1/4 dos jornalistas que seriam necessários sem a utilização deste recurso.

Eles não têm culpa

Como a maioria de nós os jornalistas são trabalhadores por conta de outrem, tem a casa e o carro para pagar, e como qualquer um de nós sabem que trabalhar contra o patrão não contribui em nada para uma carreira de sucesso, há mesmo quem diga que pode ser prejudicial. Tal como os outros, mas com a desvantagem de trabalhar numa área com alguma exposição e para a qual ainda por cima arranjaram códigos deontológicos e de ética, que também só contribuem para os manter em constante tensão (que também não ajuda nada em termos do trabalho realizado).

A amizade é um valor a preservar

Tal como as outras pessoas os administradores e accionistas dos orgão de comunicação social também têm amigos e sabem que a amizade é um dos mais importantes valores da nossa existência, por isso faz todo o sentido que tentem agradar, ajudem sempre que podem, enfim o tipo de coisas que se fazem por amizade.

Interesse público vs. Interesses do público

Com qualquer profissional o jornalista também quer ver o ser trabalho apreciado, faz-nos sentir realizados, aumenta a auto-estima e dá-nos vontade para nos levantarmos todos os dias para ir trabalhar, daí que não faça qualquer sentido ter trabalho com assuntos complexos que embora possam parecer de interesse público na realidade não interessam ao público.
E este é um problema estrutural do nosso pequeno paraíso, decorre de continuarmos a ser um país "intelectualmente deprimido", com tendência para piorar, situação à qual os meios de comunicação também têm que se adaptar.

Num dos próximos dias a segunda parte:

Ou então são simplesmente meios de propaganda e controlo social.

5.19.2006

Correndo o risco de transformar isto num JL...

(...)
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.

Hoje que até tive tempo de dar uma vista de olhos pelos jornais (pelo menos as edições electrónicas) e reparei que ninguém se lembrou que faz hoje anos o Mário de Sá-Carneiro.

Fica aqui a minha humilde homenagem.


Já agora um fat diver:

Para quem costuma utilizar a Enciclopédia Universal Multimédia On-Line, no verbete dedicado ao Sá-Carneiro lê-se:

"Sá-Carneiro suicidou-se, com vários frascos de estricnina, a 26 de Abril de 1916, num Hotel de Nice, suicídio esse descrito por José Araújo, que Mário Sá-Carneiro chamara para testemunhar a sua morte."

Quase que acertaram, o hotel não é em Nice, chama-se Nice e é em Paris (é só trocarem o num por no e a coisa fica perfeita).

O que é nacional é bom

A estratégia do governo para aumentar as exportações portuguesas começa a dar os primeiros frutos, segundo o JN de hoje: Armas de pequeno calibre modificadas em Portugal estão a ser "exportadas" para a prática de crimes no estrangeiro.
Esta iniciativa revela que afinal, ao contrário do que nos fazem crer, em Portugal existe mão de obra qualificada e a preços competitivos. Além de provar que temos entre nós empresários dispostos a investir e a assumir riscos sem necessitar de apoios do estado ou benefícios fiscais.
Além das evidentes vantagens económicas (redução do défice com importante contributo para o equilíbrio da balança comercial e criação de emprego) esta actividade tem também um importante contributo social, desviando a prática de crimes para o estrangeiro e tornando o nosso país um lugar mais seguro.
Só me preocupa que, a exemplo de outros casos, também esta industria venha a ser alvo de deslocalização.

5.16.2006

Faz 50 anos

I saw the best minds of my generation destroyed by
madness, starving hysterical naked,
dragging themselves through the negro streets at dawn
looking for an angry fix(...)




Já foi há 50 anos que o Lawrence Ferlinghetti, editou um livrinho chamado "Howl and Other Poems", que entretanto foi apreendido por ser obsceno, e deu origem a um julgamento à americana e a mais uma discussão sobre a primeira emenda.

E ainda bem que assim foi porque abriu a porta para que no ano seguinte o Kerouac conseguisse publicar o "On the Road" e dois anos depois o Burroughs publicasse o "Naked Lunch", entre outra rapaziada que vai continuando a ser muito lá de casa.

Parabéns.

PS: Estes versos têm um je ne sais quoi muito Alto Seixo.

5.15.2006

O apelo da natureza ou, se fores ao campo leva a navalhinha

Sábado passado metemo-nos na furgoneta e fomos de excursão ao Alentejo.

O contacto com a natureza e os elevados níveis de oxigénio, estimularam-nos o instinto e trouxeram à superficie as nossas capacidades inactas para, fazer lume no quintal, criar ferramentas com os materiais que estão mais à mão, apanhar sol com uma cerveja na mão, entre outras.

O resto do dia foi alegremente passado entre minis, médias e carne grelhada, com uns digestivos à mistura (só para desmoer).

O ar do campo origina também a recuperação de antigas tradições masculinas, que nos permitiu ir passando do fogareiro para a mesa do almoço daí para a mesa do café e desta directamente para a mesa do jantar e daqui de novo para a mesa do café.

O regresso, já noite dentro e na boa tradição excursionista, foi marcado por uma brilhante actuação dos "back-seat boys" cantando êxitos dos Irmãos Catita.

O caquicorre

Foi com grande alegria que ontem à noite, descobri que foi editado um DVD ao vivo do Tony de Matos no Coliseu.
E foi o bastante para puxar ao "sintimento" dar por mim a trautear:

Anda, abraça-me... beija-me
Encosta o teu peito ao meu
Esquece que vais na rua
Vem ser minha e eu serei teu
Que falem não nos interessa
O mundo não nos importa
O nosso mundo começa
Cá dentro da nossa porta

3.09.2006

A marca portuguesa no mundo

Cruzei-me hoje uma informação que ainda carece de confirmação, mas que prova que o tuga tem olho para o negócio e consegue ser um verdadeiro empreendedor, embora tenha dificuldades em manter a qualidade de serviço.

Em 8 de Março de 1906, um talhante português foi preso na Argentina, acusado de ter assassinado várias pessoas, (acusação dificil de provar, uma vez que os corpos nunca apareceram) e de vender carne humana no talho (ou isso, ou carne estragada, uma vez que o desgraçado quase foi linchado).

O2

desculpem lá mas tinha que soltar o uliganito

1.29.2006

Pode ser impressão minha...

De há algum tempo para cá ando desconfiado que o Noddy anda a comer a ursa Teresa.
O ZP diz que não reparou em nada.

1.23.2006

Nem Deus, Nem Senhor

São dias como o de ontem que me fazem ir tirar a bandeira da gaveta.



Se as eleições mudassem alguma coisa eram ilegais

1.20.2006

Os pliés calham a todos

No último número da Granta, o Binyavanga Wainaina escreveu este artigo, dando alguns conselhos sobre como escrever sobre África.

Aqui fica um cheirinho (também porque não tenho tempo nem vontade, para mais).

Utilizar sempre as palavreas 'África', 'Trevas' ou 'Safari' no título. Os subtítulos podem incluir as palavras 'Zanzibar', 'Masai', 'Zulu', 'Zambezi', 'Congo', 'Nilo', 'Grande', 'Céu', 'Sombra', 'Tambor', 'Sol' ou 'Passado'. Também são partiularmente úteis as palavras 'Guerrilha', 'Intemporal', 'Primordial' ou 'Tribal'.

E continua por ai adiante, e sempre a descer.

Este problema não é exclusivamente Africano, nós também temos pliés com fartura, mas vou deixar esta reflexão para mais tarde.

1.04.2006

Arriscar a vida para ser um cliché

Un africano que saltó la valla de Melilla consigue su primer trabajo como Rey Baltasar en Madrid
MADRID.- Paul Biya, camerunés de 24 años, saltó la valla fronteriza de Melilla el pasado mes de mayo, nueve meses después ha conseguido su primer trabajo como Rey Baltasar en Madrid.